sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Piscinão ou piscininhas




Mario Eugenio Saturno

Em 2008, relatei sobre projetos que poderiam amenizar as consequências das enchentes provocados pelas grandes chuvas, aquelas que não se podem evitar... será? O mais curioso é que a capital de São Paulo tem uma lei que visa aumentar a permeabilidade do solo, reservar água nos prédios, diminuir o risco de enchentes e reservar água para fins não potáveis nos empreendimentos. Porém, nada andou. Essa lei obriga a construção de reservatório de águas pluviais nas edificações novas. Vai dar resultado daqui a cem anos...

A Alemanha instala cerca de 100 mil reservatórios pluviais por ano. Essa deveria ser a meta da Grande São Paulo, e com financiamento estadual e federal e com descontos em impostos. Creio ser possível equipar prédios e casas em prazos razoáveis, de cinco a dez anos. Inicialmente, pode ter um custo relativamente grande, já que equivale ao de uma piscina, mas não se deve esquecer que a economia de água para o consumidor e para a prefeitura é exponencial. A medida seria excelente em postos e lava-jatos. Qualquer casa pode ter também, aproveitam-se calhas e condutores e incluem-se filtros e reservatórios. A ABNT, Associação Brasileira de Normas Técnicas, publicou uma nova norma para projetos de aproveitamento de água de chuva.

Já em 2009, há dois anos, sugeri ao “poder público” que estudasse a instalação de reservatórios para coleta das águas pluviais nas calçadas e com dispositivos para infiltração no solo dessas águas de chuva excedente para a reposição do subsolo. Milhões de piscininhas.

Descobri, agora, que pesquisadores da Universidade de Taubaté (Unitau) fizeram estudos e projeto de captação das águas em telhados e recarga artificial do subsolo. Em parceria com o Instituto Geológico da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e a Prefeitura Municipal de Taubaté, o projeto tratou da retenção do excedente hídrico, da aplicação de métodos de infiltração das águas das chuvas nos solos ou diretamente nos aqüíferos, a recarga, e que, ainda, diminui o escoamento superficial, responsável por erosão, transporte de sedimentos e assoreamentos, além de causador das enchentes em Taubaté.

O estudo liderado pelo Dr. Hélio Diniz revela que o telhado usado era bastante abaulado, construído em chapas zincadas novas, características que diminuem muito a possibilidade de conter microorganismos ou materiais tóxicos, evitando-se a contaminação dos aqüíferos onde estas águas são injetadas. Construíram o poço de extração/recarga próximo, em posição que possibilitasse o carreamento das águas por gravidade, até uma caixa conectada com o poço diminuindo-se gastos.

A viabilidade recarga artificial dos aqüíferos profundos está sendo demonstrada neste projeto, esperando acabar com o preconceito motivado pelo desconhecimento desta modalidade na preservação dos recursos hídricos subterrâneos.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor universitário e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)

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