quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Rossoni afirma que não vai ceder a pressões



Depois da demissão dos 50 seguranças da Assembléia Legislativa e a posterior ocupação das suas instalações pela Polícia Militar em função de ter sido ameaçado de morte, o presidente da Casa, deputado Valdir Rossoni (PSDB) previu ontem que as medidas que estão sendo tomadas, como nova redução de cargos comissionados e o fechamento da gráfica, vão permitir uma economia mensal de cerca de R$ 5 milhões ao Legislativo paranaense. Dos 300 cargos em comissão que foram cortados, Rossoni disse ontem que pretende recontratar cerca de 30%.

As despesas agora também são maiores, com o pagamento ao Executivo dos policiais que farão a segurança da Assembléia, o R$ 1,6 milhão mensal gasto na reposição da URV do Plano Real aos funcionários e as contratações da Fundação Getúlio Vargas para realização de auditorias e de uma empresa particular de vigilância de patrimônio.

Rossoni explicou que decidiu pedir a ocupação da sede do Legislativo para garantir a segurança dos deputados e funcionários. Ele confirmou ter recebido ameaças dos seguranças do Legislativo, que exigiam ser recontratados. “Eles mandavam aqui. Eles tinham mais poder do que muito deputado. Aqui era tudo meio na bordoada, ou obedecia, ou apanhava”, revelou. Quem autorizou a entrada da PM e a ocupação não foi o Judiciário, mas o governador Beto Richa (PSDB), a pedido do presidente da Assembléia.

Dossiê

Sobre as acusações do presidente do Sindilegis, Edson Ferry, que diz ter provas de que Rossoni desviou recursos do Assembléia, o presidente minimizou. “Essas denúncias há vários meses ele está ameaçando. Eu não vou ficar batendo boca com um cidadão que era nomeado em cargo em comissão e tinha a família inteira aqui dentro da Casa e ganha mais que um deputado. Eu não temo denúncias, ele que procure o Ministério Público. Ele andava batendo esses documentos no rosto dos deputados”, disse Rossoni.

Sem conceder ontem a tarde a prometida entrevista coletiva sobre o suposto dossiê contra Rossoni, o presidente do Sindilegis compareceu no início da noite de ontem na sede do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que atua junto ao Ministério Público Estadual, para entregar as supostas provas das denúncias contra o presidente da Assembléia.

Por seu lado, o Sindilegis tomou providências quanto a demissão dos seguranças e a ocupação da Assembléia pela Polícia Militar. O advogado Henoch Gregório Buscariol recorreu a Justiça para pedir a reintegração dos servidores comissionados. O advogado contesta a informação de Rossoni de que os 300 demitidos, incluídos o pessoal da segurança, ocupavam cargos em comissão. De acordo com Buscariol, parte deles é funcionário efetivo.

Policiais

O advogado também está questionando no Judiciário a forma como a PM entrou no prédio da Assembléia. “Com armas em punho, revistaram os seguranças mandando-os deitar no chão, um tratamento humilhante, como se fossem marginais e os seguranças naquele momento estavam no exercício da função deles”, pondera Buscariol.

Entre 25 e 30 homens da Polícia Militar farão a segurança pessoal dos deputados. Em especial, com acompanhamento diário de percurso dos três deputados que formam a Comissão Executiva da Assembléia, entre os quais o presidente Rossoni e os novos diretores.

O tenente-coronel da Polícia Militar, Arildo Luiz Dias, deverá ser o responsável pelos trabalhos de segurança na Assembléia. “Vamos verificar se será por meio de um decreto legislativo ou um projeto de resolução, mas a criação do gabinete militar já é coisa certa”, disse Rossoni.

Para justificar a medida que tomou em relação à área de segurança, o presidente da Assembléia disse que a eficiência será maior com menos gastos. “Vamos seguir um modelo que existe em todo o Brasil. Em todos os outros Estados a segurança das assembléias legislativas é feita pela polícia militar. Só no Paraná era diferente”, emendou. “Da forma como eles (os seguranças) agiam internamente, a Casa se tornou refém. Muitos setores estão dominados pelos seguranças”, contou o tucano.

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