sábado, 20 de agosto de 2011

Carros Elétricos




Mario Eugenio Saturno

Nos anos 90, a Califórnia surpreendeu o mundo com a exigência de carros com taxa zero de emissão de poluentes. Foi uma verdadeira corrida dos fabricantes e diversos carros elétricos apareceram no mercado. Parecia que uma nova era fora inaugurada. Porém, as autoridades foram afrouxando e os carros elétricos perderam sua chance.

Os híbridos apareceram, o Hidrogênio prometeu mundos e fundos, mas nada aconteceu de revolucionário. Mesmo no Brasil, houve algumas tentativas. E para nosso país é algo muito interessante, aja vista que temos muita hidroeletricidade e grande potencial termoelétrico dos detritos vegetais nas usinas de álcool.

A imprensa divulgou que o governo pretende estimular o mercado de carros elétricos começando com um incentivo à importação para criar demanda e infraestrutura necessária de abastecimento. O maior problema ainda é o desenvolvimento de baterias mais baratas e com maior autonomia de quilometragem. Atualmente, com baterias de lítio que custam até US$ 50 mil, com autonomia de 300 km, um carro elétrico não sairia por menos de US$ 100 mil ou R$ 160 mil.

E quem está tomando iniciativa é a Petrobras, juntamente com a Itaipu e a Fiat pretendem desenvolver um carro elétrico nacional. A própria Fiat já tem dois modelos experimentais movidos a eletricidade nos arredores da usina.

Há muito para se fazer, hoje, produzir carro elétrico paga IPI, Imposto sobre Produtos Industrializados, de 25%(os veículos convencionais pagam 12%, em média) e o Imposto de Importação está entre 30% e 35%. O Ministério da Fazenda ensaiou anunciar um incentivo para o carro elétrico, mas então presidente Lula desistiu. Não dá para acreditar que um país que tem perdido espaço na exportação de produtos industrializados tenha essa voracidade com os impostos. Além do que, aumentar a produção nacional significa novos empregos e outros impostos indiretos, muito mais interessante para a nação.

Também é preciso pensar em crédito para financiar e facilitar a venda, muitos incentivos. Não custa lembrar que é preciso aperfeiçoar a legislação automotiva. Criar de fato uma rede de postos de abastecimento com tarifa também apelativas. Os governos estaduais também precisam aderir a causa. Não se deve esquecer dos males que a poluição faz, há quem estime os prejuízos em mais de R$ 2 bilhões. E transporte é responsável por quase 90% do CO2 emitido nas grandes cidades.

Pode parecer estranho a Petrobras participar desse empreendimento, porém não há o que temer já que o carro elétrico não será a maioria da frota brasileira de automóveis nem em médio prazo. Além do mais, em abril, no Chile, a Petrobras inaugurou um ponto de recarga rápida para carros elétricos. Se no Chile pode, por que não na própria nação? Dia chegara que seremos como o Japão, que já dispõe de uma quantidade de carros elétricos totalizando 11% da frota. Sonho com um gigante desperto.

Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), professor do Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva e congregado mariano. (mariosaturno@uol.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário