É de se notar que, sal e açúcar tem funções totalmente opostas, no entanto, muitas vezes se faz necessário o uso de ambos em um mesmo prato para que haja equilíbrio no paladar, de igual modo, política e religião aos olhos de leigos parecem propor caminhos diferentes mas, por outro lado, quando saímos do âmbito teórico espiritual da religião, percebemos que ambas em suas funções e serviços, tem papéis sociais práticos semelhantes, muitos são os projetos sociais criados por instituições religiosas, que colaboram diretamente com o Estado, beneficiando de forma efetiva a muitas comunidades em todo país, onde nota-se a política intrinsecamente ligada à religião.
Já vai longe, política e religião andam juntas e inseparáveis, até mesmo na teoria religiosa fica notório o serviço social e a política, haja vista a história bíblica que nos mostra governos exercidos por juízes e reis, bem como toda influência direta da doutrina do Cristo quando disse, “ (...) Dai, pois, a César o que é de César e a Deus, o que é de Deus"(Lc Cap. 20 v. V 25).
Nos últimos tempos, principalmente no Brasil, as palavras política/político têm recebido forte conotação pejorativa, especialmente em virtude da corrupção generalizada, escândalos nos governos e má administração do dinheiro público. Dado esse cenário, não é incomum ouvir homens e mulheres afirmarem não gostar de política. No meio cristão, há aqueles que dizem ser completamente desnecessário o envolvimento com as questões públicas, o que tem fortalecido esse conceito de que política e religião não se misturam. Contudo, necessário é compreender que a participação política é uma necessidade vital de todos os indivíduos, inclusive cristãos.
O exercício da cidadania e a projeção que o voto efetua em nosso cotidiano são dois assuntos que, volta e meia, entram em debate, em virtude de seu elevado valor estar intimamente ligado às questões sociais no que diz respeito à qualidade de vida de uma nação inteira, o voto é o instrumento que traduz anseios pelas mudanças. A população brasileira é majoritariamente cristã (87%) em sua diversidade religiosa, (estatística IBGE 2010) logo, é natural que hajam representantes políticos religiosos. Dissociar isso é perigoso.
É nesse contexto de transformação por uma sociedade mais igualitária que religiosos interdenominacionalmente se encaixam como peça fundamental mediante o preconceito e a crescente intolerância religiosa, não devem se mostrar relapsos às discussões que envolvem temas vinculados ao rumo de uma nação mais politizada. De modo contrário, seus questionamentos devem fazer parte de uma análise como um todo, desde que os mesmos não se manifestem de forma inconstitucional, mas ratifique o Estado Democrático de Direitos.
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