
Manter casa e arredores limpos, usar luvas e botas em jardins, matas e plantações protegem do contato com aranhas, cobras e escorpiões
A chegada das chuvas na maior parte do país aumenta o risco de contato das pessoas com os chamados animais peçonhentos, tanto em áreas urbanas quanto rurais. Nesse período, animais como escorpiões, aranhas ou cobras se tornam mais ativos e aumentam os movimentos em busca de comida e de locais para reprodução. Além disso, procuram abrigo, e não é difícil encontrá-los nas proximidades das casas, em jardins ou parques.
Para prevenir e reduzir em até 80% o numero de acidentes, que algumas vezes podem ser fatais, o Ministério da Saúde faz uma série de recomendações. Uma delas é manter limpas a casa e a área ao seu redor. Lixo e entulhos podem servir de abrigo para muitos desses animais. Além disso, como explica o diretor do Departamento de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Expedito Luna, locais sujos também são habitat de baratas e ratos. Os roedores, em geral, principalmente ratos, constituem parte da dieta de serpentes. Já as baratas e outros insetos servem de alimento para escorpiões e aranhas .
É importante ainda estar atento com a limpeza de armários. Esses ambientes escuros e úmidos servem de esconderijos para aranhas e escorpiões. E quem quer ser ainda mais cuidadoso, além de manter os armários limpos, deve sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, para não ser surpreendido pela presença de um animal venenoso. Tapar buracos em muros e vãos de portas é outra recomendação importante, pois evita a passagem de bichos como as cobras .
Quem vive na área rural e trabalha com agricultura não pode deixar de usar luvas e botas, essenciais para a proteção. "Ao entrar em matas ou em plantações, essas pessoas têm de redobrar a atenção", alerta Expedito Luna. Já aos que praticam ecoturismo, o técnico do Ministério da Saúde alerta para o uso de calçados fechados, como botas e tênis.
Animais peçonhentos são aqueles que apresentam glândulas de veneno. Ao atacar outro animal, costumam injetar veneno na vítima, por meio de dentes ou ferrões. Eles usam esse instrumento tanto para defesa como para o ataque por exemplo, para a caça.
As conseqüências de uma picada de um animal peçonhento variam de acordo com a espécie do agressor. Os efeitos do ataque de serpentes, por exemplo, são intensos e evidentes. A picada de uma jararaca provoca dor e inchaço, com manchas roxas, sangramento pelos orifícios da picada e até necrose (morte de um tecido do corpo). Também podem ocorrer sangramentos nas gengivas, na pele e na urina, chegando a casos de insuficiência renal nas vítimas. Já o ataque da surucucu-pico-de-jaca causa vômitos, diarréia e queda de pressão arterial. Nas vítimas de ataques de cascavel, ocorrem sonolência e visão turva. O local da picada apresenta um formigamento, seguido por dores musculares generalizadas e urina escura.
As vítimas de picadas de aranhas sentem dores imediatas e intensas após o ataque, com poucos sinais visíveis no local . Algumas crianças sentem náuseas, vômitos e queda da pressão arterial. No caso da aranha-marrom, a picada é pouco dolorosa e uma lesão endurecida e escura costuma surgir horas depois, podendo evoluir para ferida com necrose e de difícil cicatrização. A picada da viúva-negra, uma das aranhas com veneno mais letal, causa dor, contração muscular, suor abundante e alterações na pressão e nos batimentos cardíacos.
Já o acidente por escorpião provoca dores imediatas com intensidade variável. A maior parte das vítimas não sofre grandes conseqüências pelo ataque. Mas as crianças podem apresentar náuseas, vômitos, alteração da pressão sangüínea, agitação e falta de ar.
Socorro urgente - O mais importante em caso de ataque de um animal peçonhento é levar a vítima para o médico, o mais rápido possível. Os soros antipeçonhentos, inclusive o antiofídico, são produzidos no Brasil pelo Instituto Butantan (São Paulo), pela Fundação Ezequiel Dias (Minas Gerais) e pelo Instituto Vital Brazil (Rio de Janeiro). Toda a produção é comprada pelo Ministério da Saúde, que distribui no país inteiro por meio das Secretarias de Estado de Saúde. O soro está disponível em serviços de saúde e é oferecido gratuitamente aos acidentados. Se possível, o animal agressor deve ser capturado vivo e levado com a vítima. Isso facilita o diagnóstico e o tratamento , recomenda Expedito Luna.
O Instituto Butantan de São Paulo, referência na produção do antiofídico e na pesquisa ligada a animais peçonhentos, pede que se evitem medidas popularmente recomendadas para tratar as vítimas, como cortar o local da picada, amarrar o membro atingido ou sugar o veneno. Algumas cobras produzem hemorragias. Um corte pode aumentar ainda mais o sangramento. Amarrar o membro atingido pode provocar gangrena (perda de circulação) e necrose. Também se recomenda não furar, queimar, espremer e sugar o local atingido, aplicar folhas, pó de café ou dar pinga ou fumo à vítima. No máximo, deve-se lavar o local da picada ou mordida com água e sabão e manter a vítima imóvel para evitar que o veneno se espalhe pelo corpo.
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