terça-feira, 22 de março de 2011

“Máfia dos radares”: Isfer diz não ter estimativa de indenização para Consilux



O presidente da Urbs, Marcos Isfer, afirmou ontem, em audiência pública na Câmara Municipal, que a prefeitura não tem ainda um estimativa de quanto poderá ter que pagar em indenizações por conta do rompimento unilateral do contrato com a Consilux, empresa que até semana passada operava radares e lombadas eletrônicas em Curitiba. Isfer desconversou quando questionado sobre o valor de R$ 70 milhões divulgado na imprensa como possível passivo judicial que o município pode ter que assumir por conta da “estatização” do sistema.

O cancelamento do contrato foi determinado na semana passada, após denúncias veiculadas pelo Fantástico, da Rede Globo, em que um ex-diretor da Consilux, Heterley Richter Júnior, confessava que a empresa oferecia propina de 5% para obter contratos com órgãos públicos para a operação de radares e outros equipamentos eletrônicos de fiscalização do trânsito. Nas mesmas gravações, ele confirmava ainda a possibilidade de anulação e sumiço de imagens de infrações envolvendo políticos e apadrinhados, afirmando inclusive que a Consilux já teria feito isso em Curitiba.

A convocação de Isfer foi pedida pela bancada de oposição, que também entrou com um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara para investigar o caso. Para a abertura da CPI, são necessárias as assinaturas de 13 vereadores, mas até agora apenas seis apoiaram a iniciativa: o líder da bancada de oposição, Algaci Tulio (PMDB), o líder do PT, Jonny Stica, e os vereadore Noêmia Rocha (PMDB), professora Josete (PT), Pedro Paulo (PT) e Paulo Salamuni (PV).


Na audiência de ontem, Isfer limitou-se a repetir declarações já dadas anteriormente, de que a prefeitura vai buscar a melhor forma jurídica de cancelar o contrato para evitar prejuízos aos cofres do municipio. Pela operação de 119 radares e 50 lombadas eletrônicas, a Consilux recebia R$ 950 mil ou quase R$ 12 milhões ao ano. A empresa já anunciou que ia aguardar a notificação oficial para tomar as medidas que achar adequadas.

O presidente da Urbs se contradisse ontem, ao defender a legalidade da contratação da Consilux, ao mesmo tempo em que tentava convencer os vereadores da oportunidade do cancelamento do mesmo. O líder do PT cobrou informações em relação ao custo da rescisão do último contrato com a Consilux. Isfer respondeu que “nada será feito em prejuízo ao erário público”.

Stica também questionou se funcionários da Urbs têm privilégios para acessar o sistema e apagar multas, o que foi negado. Segundo ele, os registros são gerados com números sequenciais e os dados são criptografados. “A nosso ver a audiência é insuficiente por ser muito superficial”, explicou, lembrando que cada vereador só tinha dois a três minutos para questionar Isfer, sem direito à réplica. “Além disso, nós não queremos ouvir só a Urbs, mas a Consilux e outros envolvidos. E isso só com a CPI”, disse o petista.

Carli Filho — Entre as respostas de Isfer, chamou a atenção também quando ele disse que na época do acidente que envolveu o ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, era a Consilux que digitalizava as multas de trânsito de Curitiba. O município só teria assumido controle total sobre a geração de infrações a partir de abril de 2010. Para a vereadora professora Josete, as afirmações reforçam a versão de que haveria um terceiro veículo no acidente, que estaria fazendo um “racha” com o ex-deputado. (IS)

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